terça-feira, 9 de novembro de 2010

Momento Olímpico



Na postagem de inauguração do blog nada mais justo do que homenagear um dos maiores atletas olímpicos que o mundo já viu, um exemplo de superação, garra, orgulho, simplicidade e acima de tudo amor ao próximo.
A notícia do dia no mundo todo era sobre ele, e olha que ele não venceu, na verdade fez mais do que vencer, fez um feito histórico e virou uma lenda olímpica. Recebendo o maior mérito que um atleta olímpico poderá receber a medalha Pierre de Coubertin pelo Comitê Olímpico Internacional(COI), a medalha é dada aos que demonstrarem ética , moral e esportividade em grandiosidade.

foto: AFP
29/08/04 - Vanderlei Cordeiro de Lima reviveu neste domingo, a lenda do soldado Feidípedes, que em 490 a.C. saiu correndo da cidade de Maratona até Atenas para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas.
E o brasileiro marcou duplamente sua participação na maratona dos Jogos de Atenas: ele garantiu a medalha de bronze e ainda demonstrou todo o seu espírito olímpico ao completar o percurso, mesmo tendo sido atacado por um pedreste quando liderava a disputa na altura do 36° quilômetro.

"Foi uma superação para mim. Não esperava e por isso não tive reação. Quem já correu sabe o que é ter um ritmo, parar e ser obrigado a retomá-lo. Isso me atrapalhou bastante. Mas, independentemente do que aconteceu, foi importante para mim e para o meu país esta medalha. 

 Não sei se venceria, mas o final seria diferente. Contudo, prevaleceu o espírito olímpico, de garra e determinação. Pude demonstrar isso através dos Jogos Olímpicos. Assim como ocorreu com o Feidípedes, para mim também foi uma luta chegar até o final", comentou o maratonista de 35 anos, ex-bóia-fria em Cruzeiro D'Oeste, no Paraná.

O fair play demonstrado por Vanderlei Cordeiro durante a maratona recebeu o reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional, que o premiará com a medalha Barão Pierre de Coubertin. O brasileiro será o segundo a receber tal honraria. O velejador austríaco Hubert Raudaschl, que em Seul-88 abandonou a disputa de sua prova para salvar uma pessoa que havia caído no mar, até então era o único agraciado. "Fico honrado com esta medalha. Mas o importante é o momento que estou vivendo agora. Estou feliz por ter subido ao pódio. A maior felicidade minha é poder compartilhar isso", disse. 
Centro das atenções da imprensa internacional, Vanderlei teve que comentar várias vezes o ataque que sofreu na prova. Em todas as respostas fez questão de isentar a todos de culpa. "Nem eu nem o pessoal da segurança esperava por isso. A pessoa partiu para cima de mim, me abraçou, me jogou na calçada e só depois o segurança me livrou. Não culpo a organização pelo ocorrido. Foi um fato isolado dentro dos Jogos Olímpicos. Acho que poderia acontecer em qualquer outro lugar", explicou.

O maratonista brasileiro, ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo-03 e Winnipeg-99, destacou a importância das experiências anteriores nos Jogos Olímpicos - 47° lugar em Atlanta-96 e 75° em Sydney-2000. "Em Atlanta sofri com bolhas no pé e duas semanas antes do início de Sydney tive uma contusão no tornozelo quando treinava no México. Mas essas experiências me ajudaram aqui em Atenas para que eu conquistasse uma medalha. Em Pequim estarei muito mais experiente e por isso mais confiante em outro bom resultado", garantiu o atleta, que tem o tempo de 2h08min31s como melhor marca na carreira, obtida em Tóquio, em 1998.
fonte: COB.

29/08/2004 - 14h12
Mesmo agredido, brasileiro conquista o bronze na maratona
Murilo Garavello
Enviado especial do UOL
Em Atenas (Grécia)*


Um manifestante roubou a cena e ajudou a afastar a medalha de ouro de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona, a tradicional prova que encerrou a 28ª edição dos Jogos da Era Moderna, neste domingo. O brasileiro teve que se conformar -e comemorar muito- com a de bronze.





Veterano de outras duas Olimpíadas, o fundista de 33 anos tinha vantagem de meio minuto sobre o segundo colocado por volta dos 36 km dos 42,195 km, quando o torcedor fantasiado com traje típico irlandês -saia, boina e meias compridas verdes e laranjas-, invadiu o trajeto, agarrou e tirou o maratonista da pista.

O infrator foi rapidamente detido pelos policiais, mas o paranaense demorou cerca de 20 segundos para se livrar dele e retornou abalado para a rua.

Segundo as autoridades locais, o indivíduo não portava documentos, mas seria o padre Cornelius Horan, o mesmo que invadiu a pista de Silverstone, no final do GP da Inglaterra de F-1 para divulgar mensagem religiosa no ano passado.

Vanderlei manteve a liderança por alguns quilômetros, mas foi superado pelo italiano Stefano Baldini e pelo norte-americano Mebrahtom Keflezighi e terminou em terceiro lugar, com o tempo de 2h12min11s -a 1min16s do vencedor e 42s do segundo.

"Senti uma raiva enorme. É um bronze que vale ouro. Ele tinha 25 segundos de vantagem, o que da uns 250 metros. Mesmo se os outros tirassem uns três segundos por quilômetro, não iam alcancar. Ele perdeu pelo menos uns 20 segundos ali, perdeu a concentracao, teve de recuperar o ritmo", afirmou o técnico Ricardo D'Angelo.

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) recorreu da decisão, exigindo a medalha de ouro também para seu corredor, mas o júri da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) decidiu manter o resultado. E conceder um prêmio de consolação a Vanderlei o Prêmio Barão de Coubertin pelo "espírito olímpico" que demonstrou ao completar a prova.

"Além do tempo que perdeu, o Vanderlei foi muito prejudicado porque teve de parar, quebrar o ritmo. Você já imaginou como é parar de correr após 36 quilômetros e ter de começar de novo? Isso sem mencionar o aspecto psicológico", disse Martinho Nobre, chefe da delegação brasileira em Atenas-2004.

O COB promete recorrer agora à Corte Arbitral do Esporte, entidade máxima. Mas Nobre descarta uma reviravolta no resultado. "Quando a prova termina, não há como mudar o resultado. O recurso vai dar em nada", disse, conformado.

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